Tim Cook, um CEO de operações, não de produto
Desde 2011, que a Apple é gerida por Tim Cook. Até esse ano, a empresa era gerida por Steve Jobs, um dos seus fundadores, que tinha retornado à marca no final dos anos 90, mais precisamente em 1997, após a empresa ter comprado a NEXT, que Steve Jobs também fundou anos depois de ter sido expulso. Ele retornou com o objetivo de reerguer a marca, que estava a passar por dificuldades, tendo conseguido, e criado produtos como o iMac, o iPod, iPhone, MacBook Air e iPad durante o tempo em que foi CEO.
Voltando a Tim Cook, quando a Apple estava sob a liderança de Jobs, ele era o chefe de operações logísticas da empresa, conseguindo revolucionar a forma como a empresa funcionava internamente, por exemplo,
Nos primeiros quatro anos de Tim Cook, a Apple lançou apenas atualizações dos seus produtos, sendo que foi em 2015 que lançou o primeiro Apple Watch. Nesta altura, ele foi pensado como um smartwatch de luxo, sendo que existia inclusivamente uma edição em ouro.. Foi com o passar das gerações que a Apple foi percebendo que esse mercado de luxo não iria dar certo, e focou-se mais na parte de saúde. Neste contexto do Apple Watch de ouro, pelo que percebo, o objetivo de Tim Cook era fazer mais receitas em um mercado que estava disposto a pagar mais por um produto que seria mais refinado esteticamente, mas que na altura ainda não tinha muitas funcionalidades.
Ainda assim, é inegável que Cook trouxe uma nova dimensão à Apple — mais sustentável, mais inclusiva e com um foco crescente nos serviços. A criação de plataformas como o Apple Music, o Apple TV+, o iCloud+, o Fitness+ e o Apple Arcade mostram que a empresa deixou de depender exclusivamente do hardware para gerar lucros. Hoje, a área dos serviços representa uma parte significativa das receitas da Apple.
Outro ponto forte da gestão de Cook é o foco na responsabilidade social e ambiental. A Apple tornou-se líder nas práticas de sustentabilidade, com metas de neutralidade carbónica e uma forte aposta em energias renováveis e materiais reciclados. Cook também deu maior visibilidade às questões de diversidade e acessibilidade — áreas que, sob a sua liderança, ganharam um peso inédito dentro da cultura corporativa da empresa.
O nome que mais tem surgido nas análises recentes é John Ternus, Senior Vice President de Hardware Engineering da Apple. Ternus lidera as equipas responsáveis por iPhone, iPad, Mac e outros produtos físicos, e assumiu a liderança do hardware após a reorganização que envolveu Dan Riccio. Por isso, é visto por muitos analistas como um candidato com forte perfil técnico e orientado para produto — precisamente o tipo de liderança que muitos associam a um regresso a uma Apple mais centrada na inovação de produto. Importa, porém, sublinhar que essa posição é hoje ainda especulativa: Ternus não foi nomeado CEO, mas aparece frequentemente nas discussões sobre sucessão.
Outros executivos continuam a aparecer nas listas de potenciais sucessores, mas os factos recentes mudaram a paisagem: Jeff Williams, que durante anos foi apontado como um possível sucessor por causa do seu papel nas operações e no desenvolvimento do Apple Watch e iniciativas de saúde, entrou num processo de transição que levou à promoção de Sabih Khan a Chief Operating Officer em 2025 — uma mudança oficial que reduz a plausibilidade imediata de Williams como sucessor directo. Se a Apple optar por uma continuidade de estilo operacional, Sabih Khan (ou outro líder das operações/design) passa a ser uma figura a observar.
Há ainda nomes como Deirdre O’Brien (Retail + People), Craig Federighi (Software Engineering) ou líderes de serviços e de inteligência artificial que podem ser considerados em diferentes cenários — dependendo se o Conselho e Tim Cook privilegiem continuidade operacional, ênfase em produto, ou uma aposta em software/serviços e inteligência artificial. Em resumo: a sucessão será provavelmente decidida com base no equilíbrio que a Apple quiser manter entre visão de produto e rigor operacional — e, até haver uma nomeação oficial, qualquer lista permanece no campo das especulações informadas.
Tim Cook não é um visionário de produto como Steve Jobs, mas é um gestor excecional. Enquanto Jobs criava o 'próximo grande passo', Cook assegura que cada passo é sólido, eficiente e rentável. Sob a sua liderança, a Apple pode não ter lançado tantos produtos revolucionários, mas consolidou-se como uma das empresas mais estáveis, éticas e financeiramente poderosas do mundo.
O futuro, no entanto, poderá trazer um novo equilíbrio. Se John Ternus — ou outro líder mais voltado para o produto — vier a suceder Cook, a Apple poderá recuperar uma vertente mais criativa e experimental, aliada à estrutura sólida que o atual CEO construiu. Talvez essa combinação entre visão e eficiência seja exatamente o que garantirá o próximo grande salto da Apple.
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